"Pra mim, a comida vai muito além das metáforas do amor, do sentimento e da "comunicação". Eu não demonstro afeto com comida. Não sou tão nobre assim; eu cozinho porque amo cozinhar, porque amo comer, e, se alguém estiver por perto também amar comer, melhor ainda."
"Acho que a historia é mais ou menos assim. Eu venho a Veneza e encontro um estranho que trabalha em um banco e mora na praia. O estranho se apaixona por mim e vai até Saint Louis para me pedir em casamento, para pedir que eu abandone minha casa e meu trabalho e venha viver feliz para sempre com ele às margens de uma pequena ilha no mar Adriático. eu também me apaixono, digo sim e vou. O estranho que é agora meu marido decide que não quer mais viver às margens de uma pequena ilha no mar Adriático, e tampouco quer trabalhar em um banco, então agora nem ele nem eu temos casa nem trabalho, e estamos começando do zero. Por incrível que pareça, sinto-me confortável com tudo isso."
O fato é que o livro trouxe a tona alguns sonhos meus e a reafirmação de que a felicidade está na simplicidade das coisas. Eu e muita gente é que temos mania de complicar.
À Rossana, quem me deu esse livro, meus eternos, sinceros e doces agradecimentos.
O livro se chama - Mil Dias em Veneza - e quem viveu e escreveu foi Marlena de Blasi, Americana de Saint Louis, jornalista, chef de cozinha, crítica gastronômica e enóloga que escreve para vários jornais e revistas americanos. Todos os anos ela vai a Veneza, só que da última vez que foi um "estranho" apareceu e se declarou para ela, disse que a amava, que foi amor a primeira vista, esta que aconteceu um ano antes quando ela também estava lá. E mesmo achando isso uma loucura, pois já uma mulher madura, separada, com filhos adultos e uma vida toda estruturada, ela larga tudo para viver esse amor, muda-se para Veneza para casar-se com Fernando.
Isso nem parece tão difícil, mas as dificuldades vão aparecendo, a primeira delas é a comunicação, pois um sabe apenas algumas palavras da língua do outro. Depois a convivência e por aí vai...
"Um casamento é isso:é se revezar nos papéis da criança e da fada."
Só isso bastava para ser um bom livro, essa história de amor quase que de contos de fada, mas ela mescla isso com sua paixão pela comida, descrevendo pratos fantásticos que ela preparou ou comeu em algum restaurante, de uma forma tão sutil, tão doce. Apaixonante é a palavra.
E ainda descreve os passeios pela cidade, pontos turísticos e tudo mais.
E ainda descreve os passeios pela cidade, pontos turísticos e tudo mais.
"E gosto do fato de, na hora do almoço, enquanto degusto alcachofras fritas, já estar pensando no jantar"
Ao final do livro ela simplesmente dá algumas receitas dos pratos significativos que foram descritos no decorrer da história com o título - Comida para um estranho, pratos estes: Alho-Poró Gratinado, Massa Fresca com Molho de Nozes Torradas, Ameixas Adormecidas, Pão de Batata, Flores de Abobrinha Fritas, Mingau de Tomates Tradicional da Toscana, Espetinho de Linguiça e Codorna Recheada com Figo na Almofada, Abóbora ao Forno Recheada com Cogumelos Porcini e Trufas, Filés de Vitela Refogados com Uvas, Cogumelos Porcini Refogados com Vinho Branco e Gelato de Limão Siciliano com Vodca e Espumante. E em seguida um "Guia romântico de Veneza". Pronto, é quase impossível terminar de ler e não ficar querendo arrumar as malas e partir.
Separei alguns trechos que mais gostei para que vocês o sintam e fiquem instigados a ler.
"O que fazemos é acumular a dor, colecioná-la como peças de vidro vermelho. Nós a exibimos, a empilhamos. Até que ela se torna uma montanha na qual podemos subir, esperando e exigindo empatia e salvação. - Ei está vendo isso aqui? Está vendo como é grande a minha dor? - Nós olhamos para as pilhas dos outros, as medimos e gritamos: - Minha dor é maior que a sua. - É tudo meio parecido com a mania medieval de construir torres. Cada família demonstrava seu poder pela altura da torre pessoal. Mais uma camada de pedra, mais uma camada de dor, ambas medidas de poder."
"- Pegue esse amor com as duas mãos e segure firme, Ele só aparece uma vez na vida."
"- Pegue esse amor com as duas mãos e segure firme, Ele só aparece uma vez na vida."
" Então nós dançamos. Toda a Veneza deve estar ali, na grande multidão "a nossa volta, e eu queria que pudéssemos dançar todos juntos. Meu marido me abraça e eu penso: não, é assim que o mundo deveria acabar."
"Eu choro pela embriaguez da vida. E talvez, só um pouquinho, pela rapidez com que ela passa."
"Essa é a primeira vez que caminho em sua direção enquanto ele fica parado. Tudo "a volta dele parece ter um tom sépia, apenas Fernando é colorido. Mesmo hoje, quando caminho em direção a ele, seja num restaurante, debaixo da torre ao relógio ao meio-dia, na banda da vendedora de batatas na feira, ou em nossa própria sala de jantar repleta de amigos, ainda me lembro dessa cena, por meio segundo, novamente só ele está colorido."
Marlena escreveu mais alguns livros : Mil dias na Toscana, Um certo verão na Sicília, A doce vida na Úmbria e mais dois livros de culinária Italiana (quero todos). Hoje em dia ela e o marido organizam excussões gastronômicas pela Itália.
O fato é que o livro trouxe a tona alguns sonhos meus e a reafirmação de que a felicidade está na simplicidade das coisas. Eu e muita gente é que temos mania de complicar.
À Rossana, quem me deu esse livro, meus eternos, sinceros e doces agradecimentos.
Ciao.


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