quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Comendo Livros - Mil Dias em Veneza

"Você se lembra dos seus sonhos?"

Hoje venho falar de um livro que me conquistou de tal forma que é difícil explicar, não sei se por causa dele mesmo ou das circunstâncias do momento, mas pude perceber algumas coisas que estavam de lado na minha vida.

"Pra mim, a comida vai muito além das metáforas do amor, do sentimento e da "comunicação". Eu não demonstro afeto com comida. Não sou tão nobre assim; eu cozinho porque amo cozinhar, porque amo comer, e, se alguém estiver por perto também amar comer, melhor ainda."

O livro se chama - Mil Dias em Veneza - e quem viveu e escreveu foi Marlena de Blasi, Americana de Saint Louis, jornalista, chef de cozinha, crítica gastronômica e enóloga que escreve para vários jornais e revistas americanos. Todos os anos ela vai a Veneza, só que da última vez que foi um "estranho" apareceu e se declarou para ela, disse que a amava, que foi amor a primeira vista, esta que aconteceu um ano antes quando ela também estava lá. E mesmo achando isso uma loucura, pois já uma mulher madura, separada, com filhos adultos e uma vida toda estruturada, ela larga tudo para viver esse amor, muda-se para Veneza para casar-se com Fernando.

Isso nem parece tão difícil, mas as dificuldades vão aparecendo, a primeira delas é a comunicação, pois um sabe apenas algumas palavras da língua do outro. Depois a convivência e por aí vai...

"Um casamento é isso:é se revezar nos papéis da criança e da fada."

Só isso bastava para ser um bom livro, essa história de amor quase que de contos de fada, mas ela mescla isso com sua paixão pela comida, descrevendo pratos fantásticos que ela preparou ou comeu em algum restaurante, de uma forma tão sutil, tão doce. Apaixonante é a palavra.
E ainda descreve os passeios pela cidade, pontos turísticos e tudo mais. 

"E gosto do fato de, na hora do almoço, enquanto degusto alcachofras fritas, já estar pensando no jantar"

Ao final do livro ela simplesmente dá algumas receitas dos pratos significativos que foram descritos no decorrer da história com o título - Comida para um estranho, pratos estes: Alho-Poró Gratinado, Massa Fresca com Molho de Nozes Torradas, Ameixas Adormecidas, Pão de Batata, Flores de Abobrinha Fritas, Mingau de Tomates Tradicional da Toscana, Espetinho de Linguiça e Codorna Recheada com Figo na Almofada, Abóbora ao Forno Recheada com Cogumelos Porcini e Trufas, Filés de Vitela Refogados com Uvas, Cogumelos Porcini Refogados com Vinho Branco e Gelato de Limão Siciliano com Vodca e Espumante. E em seguida um "Guia romântico de Veneza". Pronto, é quase impossível terminar de ler e não ficar querendo arrumar as malas e partir.

Separei alguns trechos que mais gostei para que vocês o sintam e fiquem instigados a ler. 

 "O que fazemos é acumular a dor, colecioná-la como peças de vidro vermelho. Nós a exibimos, a empilhamos. Até que ela se torna uma montanha na qual podemos subir, esperando e exigindo empatia e salvação. - Ei está vendo isso aqui? Está vendo como é grande a minha dor? - Nós olhamos para as pilhas dos outros, as medimos e gritamos: - Minha dor é maior que a sua. - É tudo meio parecido com a mania medieval de construir torres. Cada família demonstrava seu poder pela altura da torre pessoal. Mais uma camada de pedra, mais uma camada de dor, ambas medidas de poder."

"- Pegue esse amor com as duas mãos e segure firme, Ele só aparece uma vez na vida."


" Então nós dançamos. Toda a Veneza deve estar ali, na grande multidão "a nossa volta, e eu queria que pudéssemos dançar todos juntos. Meu marido me abraça e eu penso: não, é assim que o mundo deveria acabar."

"Eu choro pela embriaguez da vida. E talvez, só um pouquinho, pela rapidez com que ela passa."

"Essa é a primeira vez que caminho em sua direção enquanto ele fica parado. Tudo "a volta dele parece ter um tom sépia, apenas Fernando é colorido. Mesmo hoje, quando caminho em direção a ele, seja num restaurante, debaixo da torre ao relógio ao meio-dia, na banda da vendedora de batatas na feira, ou em nossa própria sala de jantar repleta de amigos, ainda me lembro dessa cena, por meio segundo, novamente só ele está colorido."

"Acho que a historia é mais ou menos assim. Eu venho a Veneza e encontro um estranho que trabalha em um banco e mora na praia. O estranho se apaixona por mim e vai até Saint Louis para me pedir em casamento, para pedir que eu abandone minha casa e meu trabalho e venha viver feliz para sempre com ele às margens de uma pequena ilha no mar Adriático. eu também me apaixono, digo sim e vou. O estranho que é agora meu marido decide que não quer mais viver às margens de uma pequena ilha no mar Adriático, e tampouco quer trabalhar em um banco, então agora nem ele nem eu temos casa nem trabalho, e estamos começando do zero. Por incrível que pareça, sinto-me confortável com tudo isso."

Marlena escreveu mais alguns livros : Mil dias na Toscana, Um certo verão na Sicília, A doce vida na Úmbria e mais dois livros de culinária Italiana (quero todos). Hoje em dia ela e o marido organizam excussões gastronômicas pela Itália.  

O fato é que o livro trouxe a tona alguns sonhos meus e a reafirmação de que a felicidade está na simplicidade das coisas. Eu e muita gente é que temos mania de complicar.

À Rossana, quem me deu esse livro, meus eternos, sinceros e doces agradecimentos.


Ciao.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

É pra vê ou pra comê - O Tempero da Vida

Bem vindos!
Hoje é a estréia desse novo espaço no blog, juntando duas paixões, minhas e de muita gente. Filmes e Comida. ♥ Na verdade não serão só filmes, mas séries, programas de TV e o que mais der vontade, pois apesar de não serem maioria, existe uma infinidade dessas diliças audiovisuais rolando por aí.  

Vamos falar sobre um filme de lamber os beiços que foi um dos primeiros que assisti na época da faculdade, "O Tempero da vida". É um filme sobre família, confusões políticas, desilusões amorosas e tudo isso interligado com uma linguagem sobre comida e temperos.


Afirmo que é impossível ver o filme e depois não ficar com vontade de fazer alguma preparação salgada com canela que é um dos temperos mais abordados. Almôndegas com um toque de canela. Fui mais longe, digamos que coloco canela em quase todas as preparações que faço que tem carne moída como ingrediente. Realmente, essa combinação pode parecer estranha, mas fica fantástica.

Nessa cena Fanis resolve seguir os ensinamentos do avô e colocar a canela na carne moída que irá virar almôndegas, só que escondido da mãe. O que gera uma grande discussão entre seus pais.
Fanis é um garoto sonhador que quando criança aprende sobre astronomia/gastronomia por meio de especiarias vendidas na loja do seu avô Vassilis, praticamente um filósofo dos temperos, todas suas falas fazem uma conexão entre eles e a vida de todo mundo.

O Sol é a pimenta, Vênus a canela e a Terra é o sal.

Devido uma disputa colonial entre Gregos e Turcos que aconteceu em 1963 o pai dele que era Grego foi expulso de Istambul, logo, ele, sua mãe turca e seu pai foram morar em Atenas, lá ele que sempre gostou de estar na cozinha começa a manifestar o seu dom. Cozinhar. E isso funciona como uma forma de amenizar as saudades do avô.

A despedida.

É uma parte muito engraçada, pois ele cozinha mil coisas a noite enquanto os pais dormem, daí pela manhã tem um banquete pronto. Com um tempo, acham que é uma possessão do demônio, os padres vão lá e acabam se empanturrando da comida deliciosa dele.




Na verdade o filme começa com Fanis já adulto, esperando seu avô ir visitá-lo em Atenas, só que algo inesperado acontece e começam os flashbacks mostrando desde que ele era criança, isso alternando com os acontecimentos atuais.
Acho que é bom ir parando por aqui senão corro o risco de contar o final do filme, apesar de não ligar muito para spoiler não posso fazer isso com vocês. Rá.

Quem tiver interesse pelo tema, assista. O filme é ótimo, leve, tem um ar antiguinho fofo que eu adoro, tem muitas cenas engraçadas como uma em que o tio do Fanis que é capitão de um navio chega no almoço da família trazendo uma panela de pressão, novidade na época, fazendo todos ficarem eufóricos, ou essa que eles estão ensinando uma receita de família para uma futura agregada.



Ele é dividido em 3 atos - Entrada, Prato Principal e Sobremesa. Até isso é lindamente mesclado com a comida. E as imagens dos banquetes? Nossa, muito lindo uma família enorme fazendo as refeições à mesa, hoje em dia é tão raro. Outra coisa que já ia esquecendo, a trilha sonora, é ótima também.








E aqui a ficha técnica do filme:
Dirigido por: Tasso Boulmetis
Com: Georges Corraface, Basak Köklükaya, Themis Panou.
Gênero: Drama, Comédia.
Nacionalidade: Grécia, Turquia.
Ano: 2003
Trailer

Gente, quando revi o filme para fazer essa postagem, fiquei pasma com a semelhança do Fanis quase adulto com o Ayrton Senna. HAHAHA, Vai dizer que não parece um pouco?



DICA DE RECEITA

O cardápio do dia era Escondidinho de carne moída. Ai lembrei que estava com esse post em mente e aproveitei o embalo.
O que tenho a dizer é que todo mundo adorou e quando fiz a enquete para saber se haviam percebido algo diferente, todos disseram que sim, mas que não sabiam identificar, só sabiam que estava muito bom. O melhor é a cara de espanto quando disse que era Canela. 


Seguindo os quadrinhos na horizontal...
Fiz um refogado com azeite, alho, cebola, pimentão, pimentinha verde e tomate, coloquei a carne e quando já estava cozida, coloquei um pouco de molho de tomate e os temperos, pimenta síria, uma pitada de sal e CANELA.  Não exagere! Coloque no máximo uma colher de sopa, vá adicionado aos poucos para se habituar ao gosto. Coloquei milho verde e desliguei o fogo.
Fiz um purê com, manteiga, batata cozida e amassada, leite e um ovo, colocados na panela nessa ordem, temperei com sal.
Agora a montagem, pincelei manteiga numa assadeira, coloquei a carne, depois o purê e fiz uma graça ralando queijo coalho e levei para gratinar por mais ou menos uns 15 min.
Pronto.

Espero que tenham gostado de tudo.
Até mais ver, em francês, au revouir.






sábado, 2 de agosto de 2014

Memórias Gastronômicas - Cheiro de Pipoca no ar!

Hoje eu quero falar de uma das coisas que mais gosto de fazer/comer, Pipoca.
Gente, deve ser mesmo um alimento sobrenatural porque é impossível resistir. Além de gostosa é rica em antioxidantes e fibras que ajudam a prevenir o envelhecimento precoce.
Já tive uma fase de fazer UM PACOTE INTEIRO DE MILHO numa tarde para comer com uma amiga, claro que não conseguíamos comer tudo, mas além da comilança era super divertido fazer aquela quantidade imensa de pipoca, que colocávamos em uma bacia de que minha vó dava banho na gente quando éramos crianças. Tipo isso...
Te amo google
Imaginem esse recipiente LOTADO de pipoca, jogávamos para cima quase igual os sorteios de cartas valendo prêmios feitos na tv. Era lindo de ver.
Devido a essa loucura e porque eu também fazia pipoca TODOS OS DIAS na hora do lanche, meu avô não podia ver pipoca em lugar nenhum que lembrava de mim. s2

Mas você não se pergunta como surgiu essa ideia de aquecer o milho, até estourar e virar felicidade? Bem, pelo que parece não tem nada assim - A pipoca surgiu em tal lugar, foi Fulano de tal dos Anzóis Pereira que fez. - Ninguém sabe ao certo, mas o que sabem é que para as bandas do Continente Americano, mais precisamente pelo México, por alí, os índios se alimentavam bastante de milho então um dia algum deve ter deixado uma espiga perto da fogueira e papapapapapapapou estourou e virou pipoca. 
Daí eles usavam em cerimônias, pois acreditava-se que eram os espíritos que faziam o milho estourar, faziam colares, oferendas pela fertilidade... E por aí vai.
Vale ressaltar que o milho de pipoca é um tipo especial cultivado especificamente para esse fim. Quando era criança achava que era um tipo só, ficava extremamente chateada quando faziam milho cozido, achando que poderiam ter feito pipoca dele. 

 Hoje em dia com a modinha do Gourmet a pipoca também entrou na dança, é uma infinidade de receitas que logo menos alguém lança um desafio (se é que não já tem) de fazer um sabor por dia. 365 sabores diferentes que tal?

Quando estou afim, costumo fazer apenas colocando um tempero misturado com um pouco de sal, o meu preferido é de Pimenta Síria, essa que minha prima linda trouxe do Paquistão, gente fica uma Dilíça, porque ela não é daquelas de chamar os bombeiros, só dá uma leve picância no final. E tem dela aqui no Brasil também tá? Relaxem.

Quando faço sempre é com manteiga, uso óleo só quando é o jeito mesmo. Percebi com anos pipoquísticos que com óleo a pipoca fica maior e neutra, sem gosto, é melhor usar quando quiser fazer a versão doce. Com manteiga a pipoca fica um pouco menor, mas fica aquele saborzinho da manteiga. Hum!! Que vontade...
Não sou muito fã da pipoca de microondas, acho que todos os sabores deixam um gosto residual chato e os lábios cheios de algo que parece ser gordura hidrogenada. Argh!




E se você pensou que ganha dinheiro só os pipoqueiros que com seus carrinhos andam por ai vendendo essa diliça, está enganado. Eis que nesse Brasil de meu Deus existe uma galera a Pipó Gourmet que fazem Pipoca Gourmet em latinhas, um mimo. E saca os sabores; Trufa Branca, Curry e Mostarda, Lemon Peper, Caramelo e Flor de Sal, Caramelo, Coco e Noz Pecan, Canela Cristalizada e Chocolate Belga. E aqui em Fortaleza tem, lá no -Empório Delitalia, Desembargador Moreira 533 - O preço varia de R$ 25 a 30. Ainda não provei, quando rolar comento por aqui. 

Outra coisa que combina perfeitamente com pipoca é? Isso! Cinema, filmes, séries... Quero avisar que o próximo post vai dar entrada numa nova categoria do Blog sobre filmes com tema gastronômico ou não, mas que tenham algo relacionado com a comida. Vai ser lindo, preparem-se!

Pra finalizar olhem essas imagens lindas que achei, pra já irem se inspirando e criarem suas receitas.

Pipoca com Chocolate
Oreo
Mm's, Pretzel e Granulado, estilo natalino
Caramelo ou Doce de leite


É muito amor!



Ainda vou inventar uma sobremesa perfeita com sorvete, pipoca e brigadeiro. Aguardem.
Beijos doces. :*


Imagens e informações : Google e Weheartit. 







A promoção de Leite Condensado

   Tinha acabado de chegar da rua, tirado o allstar verde água e deitado no sofá com as pernas esticadas deixando assim os pés pra fora, no ...